A classe operária é internacional
No dia 29/05 os trabalhadores argentinos deram continuidade à sua luta contra a política de austeridades do governo Macri. É a quinta greve contra o governo Macri. No dia 30/05, no Brasil, vimos mais um grande movimento de massas contra os ataques do governo Bolsonaro.
Isso mostra o internacionalismo da nossa luta. Precisamos ter essa compreensão para unificar as lutas em cada país e também em nível internacional. A América Latina vem sofrendo golpes e ataques de setores ultraconservadores, na maioria das vezes arquitetados pelo imperialismo estadunidense, que procuram atacar os direitos conquistados com décadas de lutas.
Com certeza, não resolveremos esse problema com apenas um dia de luta em um país. Precisamos nos organizar de forma a ampliar a greve geral para uma greve por tempo indeterminado e também que seja articulada internacionalmente pelas centrais sindicais e confederações de trabalhadores.
Abaixo, publicamos a matéria da CUT sobre a greve geral na Argentina.
Maior paralisação da Argentina nos últimos anos fortalece greve geral no Brasil
Paralisação no país vizinho teve adesão de várias categorias e mostrou descontentamento dos argentinos com o governo Macri que, assim como no Brasil, ataca direitos e prioriza o capital.
A Argentina viveu a sua maior paralisação, na história recente do país, contra o governo de Maurício Macri. A greve geral, na última quarta-feira (29), foi a quinta realizada pelo movimento sindical do país contra o atual presidente, e teve a adesão de diversas categorias de trabalhadores como os da indústria, prestação de serviços e transportes.
Segundo reportagem do jornal espanhol El País, bancos, escolas e o comércio ficaram fechados. Atendimentos em hospitais ficaram restritos a emergências. As três centrais sindicais argentinas, que organizaram a mobilização junto com movimentos sociais, ganharam o apoio, inclusive, de pequenas e médias empresas.
O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT, Ariovaldo de Camargo, explica que a Argentina vinha de um processo de conquistas proporcionadas por governos democrático-populares até a eleição de Macri, que no lugar de políticas econômicas efetivas para fazer o país crescer, deu início ao desmonte do que havia sido construído ao longo de anos para os trabalhadores.
A política econômica do presidente argentino resultou em estagnação, níveis elevados de inflação, diminuição do poder de compra e uma taxa de juros que hoje passa os 74%. “Isso inviabiliza manter a atividades das pequenas e médias empresas, que são responsáveis por 80% do emprego no país”, ressalta Ariovaldo.
O país está mergulhado em uma recessão que já dura mais de dois anos e tem recorrido ao Fundo Monetário Internacional (FMI) para saldar suas obrigações. O resultado vem com sanções econômicas que penalizam os trabalhadores, não resolvem problemas sociais e priorizam o capital.
Esse cenário fez com que os argentinos, mais uma vez, mostrassem seu descontentamento com o governo. “Diante de todas essas situações, com o país dilacerado, a classe trabalhadora submetida a agressões dos ajustes econômicos, o argentino percebeu: assim como no Brasil de Bolsonaro, o governo de Mauricio Macri não tem como prioridade a classe trabalhadora”, afirma o dirigente.
Segundo Ariovaldo, os trabalhadores querem o fim dessa onda de ataques e de desrespeito.
“A Argentina teve um crescimento no número de desempregados e de indigentes. A miséria aumentou no país e o movimento sindical de lá está convencendo a sociedade de que é preciso um basta”, diz.
O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT descreve que o cenário de forças políticas está se transformando graças ao desastre neoliberal de Macri, o que abre caminho para que um novo governo, com olhar democrático, seja eleito em outubro deste ano.
A reportagem do El Pais confirma que a pressão sofrida pelo presidente argentino tem feito cair sua popularidade, provocando reclamações até mesmo na base aliada do governo.
Brasil e Argentina irmanados
Assim como na Argentina, as mobilizações populares contra o governo vêm crescendo no Brasil, que se prepara para uma grande greve geral, no dia 14 de junho, chamada pelas CUT, centrais sindicais e movimentos sociais.
Nós vamos, a exemplo dos argentinos, e fortalecidos pelo que já foi construído nos dias 15 e 30 de maio, quando milhões de brasileiros foram às ruas em defesa da educação e contra a reforma da Previdência, fazer a maior greve geral do país porque os ataques aqui também são os maiores da história- Ariovaldo de Camargo
O secretário-adjunto de Relações Internacionais da CUT cita o envolvimento de diversas categorias na preparação para a greve no Brasil e o apoio de outros segmentos como os estudantes. Segundo ele, as categorias unidas “certamente mandarão o recado de que sem diálogo, atacando direitos e com políticas repressivas a sindicatos e movimentos sociais, Bolsonaro não vai resolver os problemas do Brasil”.
Ainda de acordo com o dirigente, o Brasil precisa de crescimento econômico e os números do desemprego e da retração do Produto Interno Bruto (PIB), indicam que Bolsonaro não teve a menor capacidade de governar até agora.
Ariovaldo avisa: “Ou tem direitos, retomada de investimentos em educação e mais emprego ou os brasileiros vão continuar nas ruas. E não será a única greve geral porque se ele insistir na reforma da Previdência, outras greves virão”.