A quem interessa derrubar o Governo Dilma?
Raquel Fracette
A declaração do presidente do PSTU, Zé Maria de Almeida, em que ele convoca a derrubada do Governo Dilma (PT), publicada na revista Carta Capital, nos chamou atenção.
Nós, militantes da Liga Socialista, consideramos que esse posicionamento em relação ao governo Dilma, não contribui com a organização da classe trabalhadora na atual conjuntura.
O governo Dilma, adotou uma linha política ainda mais a direita do que os mandatos anteriores do PT. Cortes no orçamento que atingiram fortemente a educação e saúde, projetos sociais, ataques profundos à previdência, retirando direitos históricos da classe trabalhadora para contemplar interesses dos grandes empresários e manter suas altas taxas de lucros. Por outro lado, mantém a política de juros que favorece a banqueiros. É o chamado ajuste fiscal, que retira ainda mais dos trabalhadores para garantir os interesses do capital em uma de suas maiores crises. Política de austeridade que assola os países da Europa desde 2007, é implementada com todo vigor, agora no Brasil, trazendo angustia e incertezas para os trabalhadores.
A CUT, a maior central sindical do país, cumpre hoje seu pior papel: não mobiliza, não convoca e pior, negocia redução de direitos, contrariando décadas de lutas e rasgando suas bandeiras históricas. Se nos anos anteriores esteve atrelada ao governo, agora ela passa a compor com ele.
Ainda assim, com todo esse ataque favorecendo empresários e os interesses capitalistas, chamar a derrubada do governo não mudaria o quadro atual.
A direita que se assanha desde os movimentos de junho de 2013, ganhou terreno após as eleições. Os grupos reacionários ganham força no congresso, orquestrados pelo PMDB, que detém a presidência da Câmara e do Senado. São setores que ganham a cada dia mais espaço com discursos conservadores, reacionários e violentos. Falam em moralidade justo quando os escândalos de corrupção cada dia causam mais furor social.
Nós que nas eleições de 2014 fizemos apoio crítico ao PSTU com base nos 16 pontos que abriam um debate franco e necessário com trabalhadores, avaliamos que a declaração do Zé Maria é um grande equívoco, senão, um perigo.
Derrubar o governo Dilma, com a atual situação e a total desmobilização da classe trabalhadora só favoreceria à direita golpista, que já trabalha a derrubada do governo antes mesmo das eleições de 2014. Só favoreceria ao PMDB, que assumiria o governo.
Não concordamos com a posição do PSTU de derrubar o governo Dilma.
Nossa tarefa, árdua, é de continuar travando a luta junto à classe trabalhadora contra todos os ataques a direitos! É de denunciar essa política de austeridade que só favorece aos interesses do capital, fazendo com todos os trabalhadores paguem o preço da crise criada pelos próprios capitalistas.
Apoiar o impeachment é fazer coro com a direita, que com certeza seria vencedora desse nefasto processo. Mobilizar os trabalhadores é o que precisamos no momento. A unidade da esquerda, construindo uma oposição de esquerda é urgente e crucial para podermos barrar os ataques e frear o avanço da direita golpista.