14 de novembro: os trabalhadores europeus para as ruas
Em 14 de novembro, mais de 10 milhões de pessoas juntaram-se em greves e protestos em 23 países europeus, no maior exemplo de uma ação internacionalmente coordenada.
Greves gerais em Espanha e Portugal foram pareadas por greves setoriais na França, Itália, Grécia, Bélgica, Chipre e Malta.
A ação maciça foi convocada pelo Congresso da Europeia Trades Union (CES), em resposta à austeridade sem fim, que deixou quase 26 milhões de desempregados em toda a zona do Euro.
Os grandes empresários condenaram os ataques como “prejudicial para a economia” - ignorando o fato de que quatro anos de austeridade na Grécia tem visto a economia contrair-se mais de 7% ano-a-ano enquanto a zona do Euro vai se mergulhando em uma dupla recessão.
Governos estaduais responderam com extrema violência como resposta aqueles que se opõem aos cortes. Centenas de pessoas foram feridas na Espanha quando a polícia abriu fogo com balas de borracha. Na Itália e na Grécia, policiais armados com cassetetes foram mobilizados para garantir que as pessoas não tivessem dúvida sobre a atitude das elites dominantes.
O caráter internacional da manifestação certamente impulsionou a participação nas greves. Na Espanha, o consumo de energia caiu em 13 % e a produção de automóveis e o transporte público paralisaram totalmente. Aproximadamente 60 a 70% de sindicalistas participaram desta que é a segunda greve geral deste ano, e muitas indústrias foram forçadas a fecharem suas portas por piquetes que se formaram a partir de meia-noite.
Na Bélgica, o transporte público chegou a um impasse em praticamente todo o país com trabalhadores em greve ocupando estações e trilhos de trem, enquanto em Portugal, 45% dos voos foram cancelados e mais da metade dos trabalhadores do setor público se juntou as manifestações em massa em cerca de 40 cidades.
Trabalhadores franceses, irritados com a recusa de Hollande para parar com os cortes, realizaram grandes greves nos transportes e realizaram protestos em 130 cidades.
Na Grécia, a menos de uma semana após uma greve geral de 48 horas contra mais cortes aplicados pelo governo, os sindicatos ainda foram capazes de montar uma paralisação de três horas, marchando com bandeiras da Espanha, Portugal e Itália para demonstrar solidariedade com o movimento internacional.
Alguns dos confrontos mais violentos ocorreram em Itália e Espanha. Na Itália, o maior sindicato, CGIL, chamou uma greve de quatro horas e dezenas de milhares manifestaram em Roma, Nápoles e Milan. Nacionalmente, 300 mil se juntaram aos protestos. Em todo o país, foram os estudantes e "fóruns sociais" que estiveram na vanguarda de todos os protestos, ocupando a estação central de Nápoles, bloqueando o porto da balsa em Génova e enfrentando a polícia de choque, cidade após cidade. Dois ministros do governo tiveram que ser resgatados de helicóptero após a reunião que foi sitiada na Sardenha.
Enquanto isso, cerca de 80 pessoas foram presas na Espanha enquanto a polícia agia com violência para proteger os trabalhadores dos piquetes formados a partir de meia-noite do dia 14 de novembro. As táticas de não-confronto do movimento “indignados” há muito que foi substituída por uma ação militante mais eficaz, que tem visto os estudantes e jovens – que sofrem 50% com o desemprego – fazendo uma aliança com os trabalhadores para fechar lojas e indústrias que tentaram desafiar as greves .
No final de quase 24 horas de protesto, centenas de milhares de pessoas inundaram o centro Madrid em um dos maiores protestos até agora, em um país onde mais de um quarto da população está desempregada.
Grandes manifestações foram realizadas em um número de países europeus que ainda não aderiram a convocação da greve feita pela CES, em especial na Alemanha, onde uma considerável Campanha de Solidariedade a Grécia vem construindo a oposição a chanceler Angela Merkel, que sempre coloca os interesses dos bancos alemães antes do povo grego.
Na Grã-Bretanha, no entanto, o "movimento oficial", o TUC, não fez nada ainda para alertar seus milhões de membros filiados para a importância da greve Europeia, muito menos mobilizá-los para participarem. Foi deixado para ativistas não oficiais em todo o país para organizar reuniões e comícios em solidariedade aos trabalhadores do continente. Em Londres, a Coalizão de Resistência, a seu crédito, fez organizar uma manifestação em frente da Comissão Europeia e um comício de solidariedade com alto-falantes e transmissões ao vivo das manifestações na Grécia e na Espanha.
K D Tait - sex, 16/11/2012 - 11:47
Tradução Eloy Nogueira