As Eleições Municipais no Brasil

04/11/2012 00:00

As Eleições Municipais no Brasil

Matéria publicada em 04/11/2012 21:19

A polarização da disputa entre a base governista da frente popular e a oposição de direita do PSDB e DEM, ficou muito bem marcada nas capitais São Paulo e Salvador. Em São Paulo o PT venceu o PSDB batendo mais uma vez seu oponente Serra. Porém, em Salvador o DEM venceu o PT com o candidato ACM Neto.

Tanto em São Paulo quanto em Salvador, a votação da oposição de direita ficou bem marcada nas áreas de população de alto nível de renda. Enquanto o PT obteve maior votação nas áreas de periferia, onde existe uma população de baixa renda. Isso mostra que as massas também entenderam que se tratava de um enfrentamento político com a burguesia. Isso porque a política dos governos do PT vem atendendo a essa população com políticas assistencialistas.

Além de São Paulo, Que havia se tornado um bastião da resistência tucana, o PT conquistou outras cidades importantes, como Curitiba, por exemplo. Segundo o jornal Folha de São Paulo (29/10), o maior vencedor dessas eleições foi o PT, que além de ter sido o mais votado no 1º turno (17,3 milhões), é o que irá administrar para o maior número de eleitores. Em número de prefeituras, cresceu 15%, mas continua atrás do PMDB e PSDB.

Além disso, os tucanos não conseguiram eleger nenhum prefeito nas capitais das regiões sul, sudeste e centro-oeste. A oposição de direita, PSDB e DEM, estão em pleno declínio. A situação está tão difícil para o PSDB que o ex-presidente FHC afirmou publicamente que “o PSDB precisa de renovação, abrir espaço para novas lideranças e tentar uma maior afinação com as aspirações populares”. Mas, apesar de tudo, a verdade é que o PT ocupa um lugar entre os trabalhadores que o PSDB jamais ocupará.

O PSB é o partido da base aliada que mais surpreendeu, conquistando 40% de prefeituras a mais que em 2008, ganhando cidades importantes como Belo Horizonte e Recife. É importante alertarmos para o fato que os partidos da base governista derrotaram o PT em cidades importantes como por exemplo Belo Horizonte, Recife, Fortaleza e Juiz de Fora.

A burguesia tentou derrotar o PT com o julgamento do “mensalão” no STF. Parecia que seria um duro golpe que arrasaria com o PT nas eleições. Porém, o povo demonstrou que o julgamento do “mensalão”, apesar da grande influência da mídia, não teve os reflexos eleitorais esperados pela burguesia.

Apesar de tudo, o principal destaque foi a despolitização das eleições. O PT, como partido operário burguês abandonou a politização da classe trabalhadora e utiliza os mesmos métodos da burguesia, ou seja, marqueteiros muito bem pagos para fazer das campanhas belas promessas que jamais serão cumpridas. Sendo assim, para a maioria dos eleitores que votaram no PT, mais vale a ilusão de que o partido irá defender suas necessidades básicas.

Por outro lado, a oposição dos partidos de esquerda (PSTU, PSOL, PCB) continua pífia, com exceção da candidatura de Marcelo Freixo (PSOL) no Rio de Janeiro. Mas ainda assim, o PSOL mostra-se totalmente degenerado em questão de princípios, quando consegue ir para o segundo turno em Belém, capital do Pará, admitindo o apoio de Lula, o que fez com que o PSTU se afastasse da candidatura e também em Macapá, capital do Amapá, onde o PSOL venceu com o apoio do DEM, que foi novamente criticado não só pelo PSTU, mas por vários setores do próprio PSOL em todo o país.

Essa não é a primeira vez que o PSOL se junta a setores da direita para conseguir “vitórias”, além de receber recursos de empresários para suas campanhas.  Sem dúvida, isso mostra que o PSOL não é e nunca foi uma saída para a classe trabalhadora. Mostra também que a oposição dos partidos de esquerda está longe de servir aos interesses da classe trabalhadora e de representar a luta por uma sociedade socialista.

Dessa avaliação podemos tirar a conclusão que nada mudará. O governo de frente popular do PT e seus aliados burgueses continuará com o controle do leme, implementando a política determinada pelo imperialismo, dissimulando a realidade brasileira, como se a crise mundial ainda não tivesse aportado no país.

Mais do que nunca é necessário continuar com o trabalho de organização e mobilização das massas para enfrentar os próximos ataques que já estão sendo desferidos. Se formos contar os projetos de lei que estão no Congresso para alterar a CLT, já são mais de 5 mil. Os mais terríveis que conhecemos são: o Projeto do deputado Vaccarezza (PT), que joga no lixo nada mais, nada menos que 2/3 da CLT; o Projeto do deputado Sandro Mabel (PMDB) que regulamenta a terceirização para todas as atividades da empresa; o Projeto do deputado Júlio Delgado (PSB), conhecido como simples trabalhista, que traz para as micro e pequenas empresas isenções sobre as verbas trabalhistas; e também o Projeto do Acordo Coletivo Especial - ACE - (gerado no interior do Sindicato dos Metalúrgicos do ABC), que tem como principal defensor e divulgador o Presidente do sindicato e Secretário Geral da CUT, Sérgio Nobre. Esse último e nefasto projeto traz novamente a proposta de que o negociado venha prevalecer sobre o legislado, que era proposta do governo FHC(PSDB).

Portanto, para nós está claro que independentemente do resultado das eleições, no capitalismo não há saída para a classe trabalhadora. Precisamos ajudar e participar na organização e mobilização da classe trabalhadora e leva-la a lutar por uma sociedade socialista. Para isso precisamos construir uma corrente classista, revolucionária, independente e de luta, com o objetivo de mudar a orientação do movimento sindical brasileiro, para um movimento que lute não apenas por reajustes salariais, mas por uma sociedade justa e igualitária, uma sociedade socialista.