Construindo a resistência
Apesar do esforço e da denúncia da oposição parlamentar, a reforma da previdência foi aprovada pela grande maioria dos deputados federais que é composta de bolsonaristas e oportunistas de plantão, que fazem tudo para garantirem uma verba extra para seus projetos. Isso representa um grande desastre para a nação brasileira.
A aprovação da reforma da Previdência significa a destruição do sistema de seguridade social do país. A partir de agora os trabalhadores terão que trabalhar cerca de dez anos a mais para se aposentarem. Além disso, o valor da aposentadoria poderá ser bem menor que o próprio salário. As pensões deixadas pelos trabalhadores para suas viúvas serão de metade do salário mínimo. Podemos dizer que estamos diante de uma situação de terra arrasada.
Mas, temos que destacar a contradição dos deputados que votaram a favor dessa reforma. Durante todo o debate eles insistiam que era para acabar com privilégios e que a reforma era necessária para evitar que o país quebrasse.
Canalhas! Ao mesmo tempo que faziam seus discursos, dizendo que servidores públicos e professores eram privilegiados, escondiam que a Comissão Especial da Câmara, que analisou a reforma da Previdência, restabeleceu a isenção tributária para os agroexportadores, que geraria uma arrecadação de impostos de cerca de R$ 84 bilhões.
Muitos desses deputados que dizem que o país pode quebrar e que é necessário acabar com os privilégios, defenderam e aprovaram a Lei Repetro, que concede benefícios fiscais às empresas petrolíferas que irão explorar os blocos das camadas do pré-sal e pós-sal, com vigência até 2040. Essas isenções provocarão perdas na arrecadação de impostos de cerca de R$ 1 trilhão.
Essa reforma foi feita para atender a empresários e banqueiros que sempre estiveram de olho no dinheiro da Previdência, que era destinado a auxiliar o trabalhador em sua velhice ou em caso de acidentes ou doença, sempre foi um entrave para que os verdadeiros privilegiados – empresários, banqueiros e agroexportadores – colocassem as mãos nela. Agora, o estado destinará essa verba a esses sanguessugas da sociedade.
Nossa luta não pode e não deve parar aqui. Precisamos continuar a organizar e mobilizar a resistência da classe trabalhadora. A votação no Congresso foi apenas o primeiro ato. Agora o projeto foi encaminhado ao Senado que será o palco das discussões. Mas a luta, tem que ser nas ruas.
A UNE, em seu congresso, decidiu por mobilizações no dia 13 de agosto em defesa da educação pública e gratuita, reforçando assim a frente unida de luta com os trabalhadores na Educação e o movimento estudantil, em defesa da educação pública e contra a reforma da previdência.
Os partidos da esquerda, as centrais sindicais, a UNE, o movimento de mulheres, os sem-terra (MST), os camponeses e os povos indígenas, bem como o movimento dos trabalhadores sem-teto (MTST), se uniram na construção dessa frente unida contra a reforma da previdência e em defesa da educação pública.
Nós, da Liga Socialista, defendemos que devem ser formados os comitês de resistência, nos locais de trabalho, universidades, escolas, bairros etc. Esses comitês serão responsáveis pela organização dos trabalhadores e estudantes.
A experiência recente, nos mostrou que a ação temporária e limitada, como a greve geral de um dia, não pode deter o governo e seus comparsas. Precisamos convocar e organizar uma greve geral por tempo indeterminado para derrotá-los. Tal movimento não só poderia barrar a reforma previdenciária, como poderia também colocar a questão do poder na ordem do dia.
O importante é construirmos a luta para barrar a reforma da previdência e os cortes de verba na educação, ampliando a mesma e transformando-a na luta por uma sociedade socialista. Portanto, é importante estarmos preparados para transformar uma luta defensiva e uma greve geral em uma luta pelo poder.
Da resistência à revolução!