Direção Nacional da CUT avança na traição à Classe Trabalhadora

02/12/2014 19:49

No dia 13 de novembro os movimentos sociais fizeram uma grande manifestação em São Paulo, que segundo seus coordenadores, contou com a presença de aproximadamente 20 mil pessoas. Essa mobilização foi uma resposta às mobilizações da direita que pediam a intervenção militar e, também, para cobrar mudanças na política, exigindo uma assembleia constituinte exclusiva para fazer a Reforma Política.

Essa mobilização foi muito importante como resposta àqueles que se mobilizaram, para pedir a intervenção militar. Mas por outro lado, também serviu para mostrar a cara de certos dirigentes, como por exemplo, de Vagner Freitas, presidente da Central Única dos Trabalhadores (CUT) que fez questão de deixar claro o que defende: “Esse ato é para dizer que acabou a eleição e o Brasil precisa de uma grande governança para dar condições da presidenta colocar em seu programa de governo aquilo que o povo escolheu...”, afirmou Vagner Freitas.

A governança nada mais é que a cooptação das entidades sindicais, para participarem do governo, geralmente em conselhos tripartites, para abrir mão de direitos da classe trabalhadora que foram conquistados com muita luta. Desde que o PT iniciou seu ciclo no governo que a direção da CUT vem participando desses conselhos e blindando o governo petista. Mas sempre com resistência de sua base. Porém, agora está ficando pior. Seu presidente deixou isso bem claro em uma manifestação pública juntamente com outras entidades.

Mas isso não está apenas nos discursos. Logo em seguida, no dia 25 de novembro, Vagner Freitas, juntamente com representantes de outras centrais, levaram ao governo uma proposta para enfrentarem a crise. Essa proposta é baseada no modelo europeu, que ataca a classe trabalhadora para salvar os patrões. Segundo Vagner de Freitas, para evitar demissões, deverá haver uma redução da jornada de trabalho, com redução dos salários até 30%. Isso é TRAIÇÃO!

Com certeza, essa discussão não foi feita nas bases dos sindicatos CUTistas e nem foi discutida fóruns de deliberação da CUT. Trata-se de uma atitude autoritária, de uma direção burocrática, encastelada na CUT.

Mas, infelizmente, essa não é a primeira vez que a burocracia CUTista se apresenta para trair a classe trabalhadora. Em 1995, a direção da CUT pôs fim à histórica greve dos petroleiros que já durava mais de 30 dias, assinando um acordo com o governo Itamar Franco. Dez dias depois o acordo foi desconsiderado, pois o governo poderia assinar pela Petrobrás. Outro momento, foi em 2003, quando veio a Reforma da Previdência, um Projeto de Lei do governo Lula que atacou os direitos previdenciários dos servidores públicos. Mais uma vez a direção CUTista traiu os trabalhadores, ao não convocar uma greve geral dos servidores públicos de todo o país contra tal Reforma. Mais recentemente, em 2012, a burocracia CUTista tenta outra traição ao negociar com o governo o Projeto de Lei  4.193/2012 que alterava a legislação trabalhista com a criação do ACE – Acordo Coletivo Especial. Tal projeto permitiria aos sindicatos negociar com as empresas acordos coletivos abrindo mão de direitos contidos na legislação. Trata-se de uma nova tentativa da implementação do famigerado projeto Dornelles, do governo FHC, que trazia a máxima, “o negociado prevalece sobre o legislado”, só que agora vinha através da central. A reação da classe trabalhadora contra o ACE foi tamanha que a burocracia CUTista não teve coragem de levar o Projeto de Lei à frente.

A CUT nasceu no início dos anos 80, mais precisamente em 28 de agosto de 1983, fruto da luta contra a ditadura e contra o sindicalismo pelego, atrelado aos governos e patrões. Nasceu como uma central independente e de luta, para unificar a classe trabalhadora na luta por seus interesses imediatos e históricos, por melhores condições de vida e trabalho e engajamento no processo de transformação da sociedade brasileira em direção ao socialismo. Hoje, a CUT é a maior central sindical da América Latina, com mais de 3.400 entidades filiadas e mais de 7.464.000 associados, representando mais de 22 milhões de trabalhadores na base.

Infelizmente, a grandeza da CUT vem sendo manchada constantemente pela marca do peleguismo de sua direção, que não consegue se desgarrar do governo de frente popular do PT. Essa burocracia instalada na CUT tem como principal objetivo blindar o governo do PT e manter seus privilégios obtidos à custa das contribuições mensais de seus associados e do imposto sindical.

Essa burocracia não tem o direito de destruir uma das maiores conquistas da classe trabalhadora. A CUT deve servir à classe trabalhadora como uma ferramenta, uma trincheira de luta e não servir a uma burocracia instalada em sua direção e muito menos a um governo de frente popular que tem o PT à frente.

A direção da CUT não tem o direito de procurar saídas para os patrões, atacando os direitos dos trabalhadores. NÃO EM NOSSO NOME!

Nesse momento, a Direção Nacional da CUT deveria estar discutindo como utilizar a verba recolhida com o imposto sindical para mobilizar a classe trabalhadora e exigir do governo Dilma o atendimento de nossa pauta de reivindicações.

  • Pagamento do Piso Salarial do Magistério, intervenção em todos os municípios e estados que não cumprem a Lei do Piso!
  • 10% do PIB para a Educação Pública, JÁ!
  • 10% do Orçamento para a Saúde Pública, JÁ!
  • Redução da jornada de trabalho sem redução de salários!
  • Reestatização das empresas, rodovias, portos e aeroportos privatizados!
  • Reforma Agrária, JÁ!
  • Reforma Urbana, JÁ!
  • Fim do fator previdenciário, revogação das reformas da previdência dos governos de FHC e Lula!
  • Fim das privatizações e dos leilões do petróleo!
  • Transporte público coletivo de qualidade e com redução das tarifas!