Golpe no Brasil é um ataque às liberdades democráticas

Após mais de 20 anos de lutas do povo brasileiro, conseguimos por fim à ditadura militar e conseguimos incrustar na Constituição Federal artigos que garantiram as liberdades democráticas. São artigos que nos garantiram o direito de organizar e realizar reuniões livremente, de criar associações e entidades representativas como os sindicatos, sem qualquer interferência do estado.

Desde que o golpe da direita para derrubar o governo Dilma ganhou corpo, vimos claramente quais os mentores e aplicadores do golpe. Estão na linha de frente a Rede Globo, a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo), a CNI (Confederação Nacional da Indústria), a grande maioria do Congresso Nacional, os partidos de direita e também parte do Poder Judiciário. Vimos juízes abusarem do poder, ordenando prisões de lideranças do PT sem causa para isso, enquanto não houve nenhuma decisão de processos contra políticos da direita, também envolvidos nos processos de corrupção.

A mídia golpista soube aproveitar muito bem a situação para criar na sociedade um ódio contra o PT e toda a esquerda, contra o socialismo e o comunismo. Mas acontecimentos recentes mostram que o Judiciário vai mais além, que o golpe não é apenas contra um governo de esquerda corrupto. Trata-se de um golpe contra as liberdade democráticas.

No dia 29/04 (sexta-feira) estudantes de direito da UFMG que iriam realizar uma assembléia geral extraordinária para discutir o posicionamento político deles em relação ao impeachment de Dilma, foram surpreendidos com uma decisão liminar da Justiça proibindo a realização da assembléia. Essa decisão foi dada em uma ação movida por dois alunos da própria UFMG. Tal ação jurídica fala de um movimento grevista estudantil com motivação político-partidária.

Depois disso, está muito mais fácil explicar do que se trata esse golpe. É um golpe contra as liberdades democráticas. Contra o direito de se reunir e discutir qualquer assunto, inclusive sobre política. A juíza que concedeu a liminar, simplesmente “rasgou” a Constituição Federal, interferindo com a força do estado burguês para impedir uma assembléia de estudantes na qual iriam debater e tirar suas conclusões sobre o processo de impeachment da presidente Dilma.

Com certeza, se esse golpe for aprovado no Senado Federal no dia 11/05 teremos uma ditadura civil que utilizará de toda a força repressora do estado para impedir a mobilização e organização da classe trabalhadora, dos movimentos sociais e da juventude; assim terão mais facilidade para atacar direitos e conquistas e implementar uma política de austeridades bem mais dura do que foi feito até agora e privatizar bem mais rapidamente o que resta de estatais, estradas, serviços e entregar o Pré-Sal para as multinacionais.