Jean Wyllys e a criminalização dos movimentos de esquerda
Por Aliêksei, Liga Socialista, 31 de janeiro de 2019
“Não deixo o cargo de maneira irrefletida. Foi decisão pensada, ponderada, porém sofrida, difícil. Mas o fato é que eu cheguei ao meu limite. Minha vida está, há muito tempo, pela metade; quebrada, por conta das ameaças de morte e da pesada difamação que sofro desde o primeiro mandato e que se intensificaram nos últimos três anos, notadamente no ano passado. Por conta delas, deixei de fazer as coisas simples e comuns que qualquer um de vocês pode fazer com tranquilidade. Vivo sob escolta há quase um ano. Praticamente só saía de casa para ir a agendas de trabalho e aeroportos...”
O texto acima faz parte da carta enviada ao PSOL por Jean Wyllys. Como ele mesmo descreve: vivia em cárcere privado sem ter cometido nenhum crime.
O desabafo de Jean não é de se estranhar e nem deve ser minimizado: o judiciário burguês, já carcomido pelo neofascismo e golpismo, tem muitos magistrados que coadunam com a mesma ideia da desembargadora do estado do Rio de Janeiro que defendeu abertamente em redes sociais o “fuzilamento profilático” do parlamentar! Esperar proteção do legislativo e das forças de segurança, seria de fato, uma loucura. No Brasil não há instituição burguesa que não tenha o câncer do fascismo em suas entranhas.
A Liga Socialista sempre defendeu as liberdades democráticas, estamos lutando há muito tempo pela liberdade de Lula: ele é um preso político, a maior liderança política da classe trabalhadora está sequestrada pelos golpistas de Curitiba e do Congresso Nacional!
Lutamos fortemente também pelos movimentos sociais como o MST, MTST e os grupos LGBTs e de Negros, não é de hoje que esses movimentos sofrem fortes represalias, atentados e ameaças de morte. Jamais deixemos de lado o brutal assassinato de Marielle Franco, Anderson e Mestre Moa do Katendê.
Tudo isso é fruto da expansão de uma extrema direita reacionária, racista, homofóbica e xenófoba que cresce não só no Brasil, mas no resto do mundo. Vejamos o que diz o Manifesto por uma Quinta Internacional*:
“As crises capitalistas arruínam as classes médias e as levam a uma busca frenética de bodes expiatórios, enquanto os desempregados por longo tempo afundam cada vez mais em desespero, tornando-os vulneráveis a demagogos racistas, nacionalistas de extrema-direita, religiosos e os propriamente fascistas”.
E é exatamente isso que ocorre no Brasil atualmente!
Jean é mais uma amostra do que está por vir. Não há dúvidas que a intenção maior é criminalizar os movimentos de esquerda! O novo governo ilegítimo e neofascista serviu como um botão de partida para o aumento das perseguições e matança de todos aqueles que discordam da política de austeridade, neoliberal, entreguista e conservadora.
Mesmo com divergências políticas, somos solidários ao companheiro Jean Wyllys!
É urgente a tarefa de criar uma frente única para barrar de uma vez por todas essa investida da extrema direita para aniquilar os movimentos de esquerda!
Avante camaradas, vamos à luta!
- Por uma frente única contra a ascensão fascista.
- Nenhum direito a menos.
- Contra a criminalização dos movimentos de esquerda.
- Todo apoio ao movimento LGBT.
- Contra as privatizações.
- Lula Livre!!!
* Programa que foi aprovado pelo Congresso da Liga pela Quinta Internacional, em 2010, uma organização leninista-trotskista fundada em 1989 com o objetivo de lutar pela formação de um novo partido mundial pela revolução social. O objetivo do documento é propor um programa de ação às organizações da classe trabalhadora, aos camponeses, aos jovens e aos povos oprimidos do mundo.