Na Bahia, jovens negros são executados pela PM
Em Salvador, Bahia, 12 jovens foram assassinados pela Polícia Mitar (PM), numa suposta troca de tiros, no dia 06 de fevereiro. Segundo testemunha que não quis revelar seu nome, os jovens estavam rendidos e desarmados quando foram executados. Essa informação é encontrada também no jornal Correio, de Salvador.
Na troca de tiros, além dos 12 jovens que morreram, outros três ficaram feridos e um sargento foi atingido na cabeça de raspão.
Segundo a PM, tratava-se de uma quadrilha com cerca de 30 componentes que tentavam arrombar uma agência da CEF e contra os quais o grupo de 9 policiais trocou tiros. O estranho é que, segundo a PM, 30 bandidos trocaram fogo com 9 soldados, sendo que 12 bandidos morreram e apenas um soldado saiu levemente ferido.
Vídeos do crime foram apresentados e deixam claro que três jovens têm marcas de bala nas costas, outros três apresentam ferimento a bala no peito e outro com curativo em volta da cabeça.
O governador da Bahia, Rui Costa, do PT, teve o descaramento de afirmar que não há indícios de atuação fora da lei, por isso, a princípio não haverá afastamento dos policiais. Essa afirmação do governador da Bahia, de que a morte de 12 jovens é vista como normal, deixa claro para todos nós que as instituições burguesas estão falidas.
Afirmou ainda o governador Rui Costa, em coletiva de imprensa, que “todo policial é igual a um artilheiro em frente ao gol. ... Depois que a jogada termina, se foi um golaço, todos os torcedores da arquibancada irão bater palmas e a cena vai ser repetida várias vezes na televisão. Se o gol for perdido, o artilheiro vai ser condenado, porque se tivesse chutado daquele jeito ou jogado daquele outro, a bola teria entrado".
Essas afirmações do governador baiano deixam claro que pra ele tanto faz, fazer gol e tirar vidas é a mesma coisa. Alguém tem que explicar pra ele que futebol é apenas um jogo, uma diversão e que fazer ou não o gol, não vai prejudicar ninguém. Por isso, ele não pode banalizar a vida humana comparando o assassinato de jovens negros, pela PM, a um gol do artilheiro.
Infelizmente os abusos por parte dos policiais não param por aí. Com certeza que a fala do governador petista Rui Costa, incentiva ainda mais essa prática cruel e na maioria das vezes racista.
No dia 08 de fevereiro, outros três jovens negros foram mortos em Salvador, em operações da Rondesp (Rondas Especiais). Em três dias, em Salvador (Ba), 15 jovens negros foram assassinados pela PM.
Segundo a Secretaria de Segurança Pública, nos dois casos os jovens estavam envolvidos com drogas ou outro crime qualquer e atiraram nos policiais que revidaram em legítima defesa.
Fazemos coro com aqueles que afirmam que “o que aconteceu foi uma verdadeira faxina étnica, um genocídio contra a juventude negra, um problema que a juventude negra enfrenta há muito tempo e que tem sido combatido por diversos movimentos”.
A Anistia Internacional apontou que há indícios de execução sumária na operação da PM e pediu para que o Governo da Bahia faça uma investigação minuciosa sobre o ocorrido. Duvidamos muito que isso ocorra sem uma pressão popular, principalmente depois das afirmações, no mínimo, irresponsáveis do governador Rui Costa.
A população da Bahia, principalmente nas comunidades onde os crimes aconteceram, deve se unir e exigir a retratação do governador e, ainda mais, o afastamento imediato dos PMs envolvidos nos assassinatos, abrindo-se o inquérito pelo órgão competente.
Enquanto vivermos sob a ditadura do estado burguês, estaremos sujeitos aos seus aparatos repressores. Por isso devemos abrir a discussão sobre a polícia. Para que serve a polícia? Ou melhor, a quem serve a polícia? Como age a polícia?
Com certeza essa polícia não serve à classe trabalhadora e aos moradores da periferia, principalmente os jovens e negros. A polícia é subserviente à burguesia e para “manter a ordem” sai dos quartéis para o trabalho, fortemente armados e encarando a população pobre como se fosse seu principal inimigo. Para o policial, o grande problema da sociedade são os adolescentes e jovens, pobres, que entram no mundo do crime por que este está na casa ao lado, ou porque já nascem com essa índole.
Para nós, a saída é o fim da polícia. Para isso precisamos construir as unidades de autodefesa da classe trabalhadora, que atuarão nas próprias comunidades onde residem. Seus comandantes serão eleitos pela base com mandato determinado e revogável. Os moradores da comunidade terão o controle democrático das unidades de autodefesa, através de suas associações de bairro que deverão ser fortalecidas pelos mesmos.
Assim, estaremos lutando contra os abusos das polícias burguesas em relação aos trabalhadores, jovens, negros e pobres e também, estaremos lutando pela derrubada do estado burguês e pela construção de uma sociedade justa e igualitária, uma sociedade socialista.