O CIRCO ELEITORAL E OS COTURNOS DO FASCISMO

09/11/2018 21:55

Prof. Valter Machado Fonseca

Caros (as) amigos (as)!

Dirijo-me a vocês para realizar uma breve reflexão pós-eleitoral. Na verdade este resultado não me causou nenhuma estranheza, apesar de ter batalhado durante todo o processo eleitoral em prol da defesa intransigente da manutenção dos pilares fundamentais da democracia brasileira. Todos que acompanham minhas postagens são testemunhas disso.
Na maioria de minhas postagens eu disse que esta pseudo-eleição era um processo fraudulento, de cartas marcadas, pois, fazia parte de um grande pacote milimetricamente planejado pelas forças mais reacionárias do cenário político brasileiro para extirpar da classe trabalhadora e do conjunto dos explorados e marginalizados do nosso imenso país todas as parcas conquistas adquiridas na história da luta de classes. Em todas as minhas postagens eu também chamava incansavelmente a atenção para a necessidade urgentíssima da constituição de uma frente única suprapartidária antifascista.

Em minha opinião o erro mais grave para o qual vendamos nossos olhos foi acreditar que poderíamos derrotar o capital numa eleição burguesa totalmente fraudada, a qual tinha como intuito a consolidação e “legitimação” do golpe contra o Estado democrático de direito, iniciado há cerca de cinco anos atrás. Não vou me deter aqui nesta singela reflexão sobre os fatos, promessas e acontecimentos que circulam a todo o momento nas redes sociais, pois o ilegítimo fascista “eleito” nestas eleições fraudulentas já havia anunciado seu “pacote de propostas” em sua campanha de Fake News, bancada por outro também eleito com a mesma fórmula: Donald Trump.

Caros (as) amigos (as)! Parem e reflitam! Por que será que o fascista recém-eleito já definiu como a primeira etapa de sua agenda de viagens os EUA, Israel e Chile? A resposta é bem óbvia: é preciso pagar a conta ao Trump, ou seja, a gerência total de nosso país com o reforço das bases militares norte-americanas em Alcântara, a entrega de nossa Amazônia e todos nossos recursos naturais. É preciso também prestar contas a Israel, braço direito do Estado norte-americano, o qual possui tecnologia armamentista de última geração. E, por fim, é preciso conhecer de perto os métodos e a ideologia a ser implantada na América Latina, aos moldes de Pinochet. Portanto, trata-se de um golpe não somente contra o Brasil, mas ao conjunto dos países da América do Sul. Amigos e amigas! Tudo que Bolsonaro está dizendo ele irá colocar em prática, pois, o capital o colocou lá para isso.

E agora, que fazer?

Tenho visto muito no Facebook mensagens do tipo “eu avisei”, “esta culpa eu não carrego”, dentre outras parecidas. Aqui não se trata de alívio de consciência, mas de um enfrentamento real a uma ameaça que irá se concretizar, caso resolvamos cruzar os braços e acreditar que iremos reverter este estado de coisas em uma nova eleição (novamente de cartas marcadas) daqui há quatro anos. Digo de “cartas marcadas”, pois, este projeto de desmanche total das conquistas sociais não é de apenas quatro anos.

Tenho visto também avaliações, a meu ver equivocadas, acerca das massas desinformadas que votaram em Bolsonaro. Porém, é preciso que percebamos que nosso país está mergulhado numa crise econômica sem precedentes e os setores mais atrasados das massas oprimidas acabam seguindo os falsos profetas e charlatães que preconizam exatamente aquilo que elas querem ouvir, isto é uma característica do discurso fascista. Os setores mais atrasados das massas somente poderão adquirir consciência de classe de duas formas: nos limites da penúria e do sofrimento ou na ebulição das grandes mobilizações contra os desmandos do capital.

Mais do que nunca a Frente Única Antifascista se faz necessária. Faz-se necessário que nos dispamos de nosso ego e de nossas vaidades, abandonemos nossas divergências teóricas e picuinhas, no sentido da construção da unidade dos trabalhadores, marginalizados e oprimidos. É preciso construir um campo político de esquerda que seja capaz de barrar as ofensivas fascistas e construir um verdadeiro projeto político para o país. E isto exige muito mais que discussões nas redes sociais: exige, sobretudo, organização e ações de enfrentamento, afinal “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores” (MARX; ENGELS). Reflitam sobre isto!

 
 
Esse texto é uma contribuição do companheiro Professor Valter Machado Fonseca – Geógrafo, Mestre e Doutor pela Universidade Federal de Uberlândia (MG) – UFU. Professor Adjunto do Departamento de Educação da Universidade Federal de Viçosa (DPE/UFV).