O movimento dos caminhoneiros e as tarefas para a esquerda.

26/05/2018 21:16

O movimento dos caminhoneiros completa seis dias e deixa o país sem abastecimento de produtos e combustíveis gerando uma série de discussões acirradas.

Esse movimento, ao que tudo indica, começou como lock out das empresas de transporte, mas que acabou perdendo o controle sobre os trabalhadores. Por isso, hoje ainda existe a discussão se é um lock out ou uma greve legítima.  Existe também uma rejeição ao movimento por eles terem aderido ao Fora Dilma, por estarem pedindo a intervenção militar e apoiando um candidato de extrema-direita. Mas não podemos negar que a reivindicação é legítima e atinge a todos: o alto preço dos combustíveis.

O atual movimento ganhou forte adesão por todos os estados, levou a população à corrida aos postos de combustíveis e aos supermercados. Ao contrário do que ocorre em situações mais comuns de greves de trabalhadores de outras categorias, a população está apoiando esse movimento. Compreensível, pois o movimento tem como principal bandeira a queda do preço dos combustíveis.

O setor de transporte urbano está parando gradativamente por todo país. Aeroportos já começam a ter problemas. O abastecimento em geral está comprometido e as cargas vivas estão sob condições de maior crueldade, sem alimento e água.

Muitas atividades de outros setores começam a ser suspensas: escolas, repartições públicas, Universidades, até mesmo hospitais já estão com suprimentos ainda mais precários, no caso dos públicos e nas farmácias começam a faltar remédios.

Temos que ter clareza do que se desenvolve nesse momento: vários setores da direita estão utilizando o movimento dos caminhoneiros para divulgar as bandeiras de intervenção militar e apoio ao candidato de extrema direita. Parte dos caminhoneiros não aceitaram o acordo fechado na negociação com o governo e continuam bloqueando estradas. Há uma mudança no cenário do movimento. Os empresários e governo perderam o controle da situação. Temer autorizou o uso das Forças de Segurança Pública: Polícia Rodoviária, Força Nacional e Polícias Militares, para desbloquear as estradas. Ou seja, agora, o movimento passa a sofrer repressão.

A maioria dos trabalhadores sofrem com o preço abusivo de combustíveis, principalmente o gás de cozinha. Além disso, temos a reforma trabalhista que aniquilou direitos históricos conseguidos arduamente em décadas de lutas; a reforma da previdência, que está suspensa, mas não descartada e que retira a possibilidade de aposentadoria dos trabalhadores; a reforma do ensino médio; a EC 95 que congelou o orçamento para os serviços públicos por 20 anos e que afetará a todos, principalmente nos setores de saúde e educação públicas; a desvalorização do salário; as altas taxas de desemprego; os cortes nos programas assistenciais; o sucateamento das Universidades Federais; o caos no estados e municípios, onde servidores amargam o atraso e até mesmo a falta de salários; a entrega de todas as riquezas por privatizações sumárias; a privatização do Correios; o fechamento de agências bancárias do Banco do Brasil e Caixa Econômica; a entrega da Petrobras e do pré-sal;  ataques aos programas para as minorias políticas, sobretudo, mulheres, negros e LGBTs; perseguição política e muitos outros ataques, impondo-nos uma dura realidade que já sentimos no dia a dia. As estatísticas quanto aos desemprego e aumento da miséria são alarmantes. Portanto, as condições objetivas para uma greve geral estão mais do que evidentes e a greve, mais do que urgente!

A direção da classe trabalhadora, urgentemente, precisa agir nesse momento.

Diante da situação em que estamos, o movimento dos caminhoneiros deve ser transformado em um movimento de lutas unificadas. Os petroleiros estão com a deflagração de greve para os últimos dias de maio. Há urgência em construir uma unidade. A greve geral é o instrumento para que reivindicações transitórias da casse trabalhadora entrem na pauta de lutas.

É papel fundamental das direções da classe trabalhadora, sobretudo da CUT, a maior central da América Latina, convocar todos os sindicatos de base para organizar, em suas bases, a greve geral!

Não podemos nos prender à pauta eleitoral. Para nós não basta derrubar Temer e eleger Lula, que é preso político. É necessário estabelecer uma luta efetiva com nossas bandeiras e reivindicações para reverter esses ataques e avançar nas conquistas.

Todo movimento de trabalhadores deve ser compreendido como uma fagulha, que espalhará a luta por todo o país para derrubarmos esse sistema. As lideranças dos partidos de esquerda, as centrais sindicais e os movimentos sociais têm que entrar em cena convocando a classe trabalhadora.

No entanto, a CUT se recusa a convocar a greve geral. Apoia o movimento dos caminhoneiros, faz críticas à política de Temer/Parente na Petrobras, mas não convoca a greve geral.  Independente do caráter desse movimento, o momento é de agitação e convulsão social. Ocupar esse espaço aberto pela greve dos caminhoneiros é fundamental para organizar as lutas da classe trabalhadora, dialogar com todas as categorias, impor a pauta dos trabalhadores na ordem do dia com a linha de esquerda!  Ampliar as lutas em curso para barrar as políticas de austeridade que estão sendo impostas.  Temos que ter clareza e tranquilidade de compreender que o que está em jogo hoje atinge a todos os trabalhadores. Não podemos nos perder em vaidades e revanchismos. É hora do combate. Ou façamos agora, ou perderemos o trem da história e uma oportunidade enorme de derrotar esse governo golpista, de reverter as perdas que nos foram impostas e abrir caminho para construir uma sociedade justa, igualitária e democrática, uma sociedade socialista!

. Pela unidade da classe trabalhadora!

. Revogação de todos os ataques do governo golpista!

. Em defesa da Petrobras, 100% estatal e sob controle dos trabalhadores!

. Em defesa da Eletrobras, 100% estatal e sob controle dos trabalhadores!

. Fora Temer! Eleições gerais!

. Greve geral, já!