Polícia: O braço assassino do estado burguês

28/05/2022 19:59

Carlos Uchoa Magrini

Rio de Janeiro - No dia 24/05/2022, foi realizada uma ação conjunta da Polícia Militar do Rio de Janeiro, Polícia Rodoviária Federal e Polícia Federal, que tinha como objetivo prender mais de 50 traficantes de vários estados que estariam se instalando no Rio de Janeiro.

O resultado foi mais uma grande tragédia. Com pelo menos 25 mortos, esse já é o segundo maior massacre da história recente do Rio, perdendo apenas para o massacre do Jacarezinho em 2021 que teve 28 mortos.

Segundo o Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos, da Universidade Federal Fluminense (UFF), entre 2007 e 2021 foram realizadas 593 ocorrências policiais na região metropolitana do Rio de Janeiro. Como resultado tivemos a morte de 2.374 civis e 19 policiais. Em 2022 já tivemos 16 ocorrências com 85 mortes. O CORE e o BOPE, batalhões de choque da Polícia Civil e da Polícia Militar respectivamente são os que mais agem nessas ocorrências. Sendo que a PM participou de 89% do total de ocorrências.

Observem que citamos apenas o estado do Rio de Janeiro, local do mais recente massacre. Mas temos massacres promovidos pela polícia em outros estados. Afinal, tragédias como essa não são “privilégios” do Rio. São massacres bárbaros promovidos pelo estado burguês que atingem principalmente a juventude negra que reside nas comunidades e bairros da periferia.

Umbauba – No dia 25/05/2022, na cidade de Umbaúba, litoral sul do estado de Sergipe, a Polícia Rodoviária Federal abordou um homem negro de 38 anos de idade que guiava uma moto. Foi uma abordagem truculenta e segundo testemunhas e o próprio vídeo que circula nas redes sociais o homem não ofereceu qualquer tipo de resistência.

Após uma seção de tortura física, sem se importar com os presentes, os policiais jogaram Genivaldo na caçapa da viatura e fecharam a porta prendendo suas pernas para fora. Não bastasse tamanha covardia, jogaram uma granada de gás lacrimogênio onde se encontrava a vítima. Genivaldo não suportou e morreu asfixiado. Mais um crime bárbaro cometido por agentes do estado burguês contra um cidadão negro.

Não é novidade

Esse tipo de ação por parte das polícias é muito comum por todo o país. Trata-se de um problema do estado burguês que cria a polícia não para proteger a sociedade, mas para proteger a propriedade privada. Assim, a polícia foi criada e até hoje seus agentes são formados para combater o inimigo como se estivessem em uma guerra. Guerra contra quem? Contra os marginais? Não! Guerra contra o povo pobre, contra os negros, contra os trabalhadores, contra os povos indígenas, contra os trabalhadores sem terra e os sem teto.

Os massacres nas comunidades, geralmente, utilizam como desculpa o combate ao tráfico de drogas. Mas, em momento algum vimos a polícia invadir um quartel com essa alegação, mesmo depois do envolvimento comprovado de militares no tráfico de drogas. Também não vimos a polícia invadir o Palácio do Planalto, mesmo com a prisão do piloto da comitiva presidencial que transportava cocaína.

Então, não se trata de guerra contra o tráfico de drogas, mas guerra contra os pobres, contra os trabalhadores, contra negros. Para termos uma ideia, em 2019, mais de 66% da população carcerária no Brasil era constituída por negros. Podemos concluir sem medo de errar que o estado burguês é também um estado racista.

Genivaldo não é um caso isolado!

Nos casos individuais, também podemos ver claramente que a formação desses agentes é para agredir, torturar, prender e até mesmo matar cidadãos, como no caso do Genivaldo.

Podemos ainda citar vários casos, como o do pedreiro Amarildo dos Santos, no Rio de Janeiro, que no dia 14 de julho de 2013, foi sequestrado pela PMRJ e morto brutalmente; o da Claudia Silva Ferreira, baleada durante uma troca de tiros entre policiais e traficantes do Morro da Congonha, que foi arrastada pela viatura da PM, no dia 15/03/2014; o dos três jovens negros mortos durante uma ação da PM na comunidade da Gamboa, em Salvador, no dia 01/03/2022. Se fizermos uma pesquisa, com certeza dá para escrever um livro sobre as atrocidades da polícia contra o povo.

Pelo fim da polícia

Por tudo o que já vimos, não é difícil concluir que a polícia não protege o povo. Muito pelo contrário, a polícia é mais uma ameaça ao povo trabalhador, ao povo negro, aos indígenas e aos movimentos sociais. Estamos vivendo no meio de uma guerra em que de um lado está o tráfico de drogas e de outro estão as forças de repressão do estado burguês. Não há como humanizar a polícia, desmilitarizar a polícia, pois a polícia assim como o capitalismo, é desumana, é a força militarizada do estado burguês para conter as revoltas populares.

Nós, revolucionários, defendemos que a classe trabalhadora e os oprimidos precisam se organizar e criar suas próprias unidades de autodefesa, nos bairros, favelas, sindicatos e movimentos sociais. Não precisamos da força policial do estado burguês, podemos constituir nossas próprias defesas. Por isso defendemos o fim da polícia, do braço armado e assassino do estado burguês.

 

Liga Socialista - 28/05/2022