Senado afasta Dilma. A luta continua!
No dia 12/05 vimos o Senado votar pelo afastamento da presidente Dilma por até 180 dias, período em que o Senado irá analisar o processo de impeachment e dar o parecer final. Não foi uma vitória fácil como os golpistas previam. O resultado foi de 55 votos a favor e 22 votos contra o afastamento da presidente. Conseguiram apenas 2 (dois) votos além do necessário para que o afastamento definitivo da presidente seja aprovado no Senado.
As reações contrárias ao governo golpista de Michel Temer estão crescendo por todo o país e até mesmo fora dele. Equador, Cuba, Nicarágua, Chile, Bolívia, Uruguai, El Salvador e Venezuela manifestaram contra o golpe, sendo que El Salvador e Venezuela convocaram seus embaixadores a voltarem aos seus países. Além disso, a UNASUL (União das Nações Sulamericanas), composta por 12 estados da América do Sul destacou que o fato ocorrido no Brasil é uma afronta de uma maioria parlamentar aos cidadãos brasileiros que elegeram democraticamente a presidente da nação.
O Grupo da Esquerda Unitária do Parlamento Europeu divulgou no dia 13/05, que o afastamento da presidente eleita Dilma Roussef, é um passo para um golpe de Estado imposto pela direita.
Além disso, vimos como a imprensa internacional tem colocado em suas matérias sobre a política brasileira. É quase uma unanimidade em relatar o que vem acontecendo no Brasil como um golpe à democracia.
A tendência é que esse movimento internacional aumente. Um grupo de 5 senadores liderados por Roberto Requião (PMDB-PR) viajaram para a Europa com a missão de divulgar o golpe que está acontecendo no país. Eles participarão de uma assembléia geral do órgão que reúne os Parlamentos Latino-Americanos e o Parlamento Europeu. Participam também desse grupo os senadores Lindberg Farias (PT-RJ), Lídice da Mata (PSB-BA), Vanessa Grazziotin (PCdoB–AM) e Gleisi Hoffmann (PT-PR).
Mais especificamente no Brasil, os movimentos continuaram firmes e crescentes com grandes manifestações de rua. Em Porto Alegre, RS, no mesmo dia em que Dilma deixa o Palácio do Planalto e Temer assume a presidência, mais de 5 mil pessoas foram às ruas em protesto contra o governo golpista. A manifestação foi dissolvida pela cavalaria e blindados da PM. Em Belo Horizonte uma manifestação de 10 mil pessoas ocupou as ruas contra o golpe, Na Cinelândia, RJ, cerca de 15 mil pessoas se reuniram na manifestação “Temer, jamais”, que critica as medidas do governo golpista como a dissolução de ministérios, nas quais estão incluídos os Ministérios da Igualdade Racial, da Cultura e do Direito das Mulheres.
O governo golpista deixou clara sua intenção ao colocar a pasta da Previdência no Ministério da Fazenda, de Henrique Meirelles, nome ligado aos banqueiros. Meirelles não deixou por menos e já anunciou a necessidade da Reforma da Previdência, afirmando que essa é uma das prioridades do governo Temer e que certamente aumentará a idade para aposentadoria. Afirmou também que “direitos adquiridos não prevalecem sobre a Constituição” e que “o importante é preservar o maior direito que é o de receber a aposentadoria”, referindo-se à possibilidade da Previdência não conseguir pagar as aposentadorias.
Meirelles convidou as centrais sindicais para discutir tal Reforma da Previdência. A CUT (Central Única dos Trabalhadores) e a CTB (Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil), imediatamente recusaram o convite e afirmaram que não reconhecem o governo golpista. Já as centrais que apoiaram o golpe, Força Sindical, UGT (União Geral dos Trabalhadores), CSB (Central dos Sindicatos Brasileiros) e a NCST (Nova Central Sindical de Trabalhadores) prontamente atenderam ao convite. Segundo o próprio Meirelles, o grupo de trabalho da Reforma da Previdência deverá ter uma proposta concreta em 30 dias.
Mas, os movimentos de rua contrários ao golpe continuam mobilizando muita gente. No dia 12/05, a Frente Povo Sem Medo realizou uma manifestação com mais de 10 mil pessoas em frente ao MASP (Museu de Arte de São Paulo), que depois foram em passeata até a FIESP (Federação das Indústrias do Estado de São Paulo) para depois seguirem até o escritório da Presidência da República em são Paulo.
Artistas e apreciadores da cultura reunidos em assembléia com mais de 200 participantes decidiram pela ocupação por tempo indeterminado do prédio do IPHAN (Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional), no Ceará, em um movimento pacífico em protesto contra o governo Temer e a extinção do Ministério da Cultura. Em São Paulo, grupo de artistas ocupa a FUNARTE, engrossando assim as manifestações contra o golpe.
No dia 15/05, os movimentos sociais organizaram um grande ato contra o governo Temer no centro de Recife. Um ato com aproximadamente 2 mil pessoas. Nesse ato, o frei Aloísio Fragoso afirmou que a desobediência civil é uma das saídas na luta contra o golpe.
Essas manifestações são cada vez mais frequentes e maiores, mostrando a insatisfação do povo brasileiro com o golpe contra as liberdades democráticas. Em várias cidades, ocorrem manifestações durante os eventos da passagem da “tocha olímpica”.
O governo golpista já aponta para a repressão aos movimentos sociais, como forma de controlar as manifestações. Basta destacarmos que o Ministro da Justiça e Cidadania nomeado por Temer é Alexandre de Moraes, que tem em seu currículo a defesa do grupo criminoso PCC (Primeiro Comando da Capital), além da Secretaria de Justiça do governo Alckmin que trata os movimentos sociais com repressão policial, criminalizando os movimentos sociais e chegando até mesmo a afirmar que o MST trata-se de um grupo de guerrilha e deve ser tratado como tal e que as manifestações de esquerda são atos de guerrilha.
Isso deixa claro para todos que vem aí um período de muito enfrentamento com uma grande repressão policial em todo o país.
Somente a força da classe trabalhadora poderá impedir a continuidade do golpe. Infelizmente, até agora, as grandes manifestações têm sido organizadas e garantidas pela presença dos movimentos sociais, principalmente o MST, MTST e os jovens estudantes. A classe trabalhadora precisa entrar em cena, construindo a greve geral contra o governo golpista, contra a Reforma da Previdência e em defesa dos direitos trabalhistas.
A greve geral é um instrumento de luta que atinge em cheio a burguesia, pois interfere diretamente em seus lucros. Porém, uma greve geral não aparece espontaneamente da noite para o dia. A greve geral tem que ser construída na base por suas direções. Para isso, a CUT e a CTB, que são contrárias ao golpe, têm a obrigação de fazer essa construção. Os sindicalistas devem ser convocados para plenárias estaduais para que sejam convencidos da importância da luta contra o golpe e da necessidade da construção da greve geral em suas bases para barrar a continuidade do mesmo, que apresenta em seu bojo a Reforma da Previdência e o ataque às leis trabalhistas.
Essa é a única e verdadeira forma de brecar o golpe, ou seja, com a força da classe trabalhadora unida e organizada em uma greve geral.
- Não reconhecemos o governo golpista de Michel Temer!
- Contra a Reforma da Previdência!
- Contra o ataque aos direitos trabalhistas!
- Em defesa dos direitos e liberdades democráticas!
- Construir a Greve Geral!